quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Seni Seviyorum Istambul

Primeiro post, e um relato à epiderme..

Para mim as aulas começaram hoje (pois, só hoje...) e tive a minha primeira aula de Civilization History, com uma professora americana. Fiquei surpreendido, fala fluentemente o turco mas por opção dá a aula em inglês, com pequenas excepções para os turcos mais lentos. :) Aborda todas as questões relacionadas com o médio oriente de uma perspectiva muito séria e clínica. Critica sem rodeios os Estados Unidos e questiona permanentemente a liberdade das mulheres na Turquia. Fala sem complexos de Ataturk, fundador e primeiro presidente da república turca. Isto num país em que levamos com o homem em tudo o que é lado. Qualquer local tem em comum a bandeira turca e várias molduras de Ataturk! Intrigante, mas aqui dizer mal de Ataturk dá pena de prisão.

Finalmente o sol apareceu. Durante a última semana tivemos um nevão intenso e um frio absurdo, espero que agora o sol venha mesmo para ficar. No último sábado a universidade levou os erasmus a uma das muitas visitas turísticas à cidade e não só. Infelizmente não fui, as últimas noites tinham sido duras e eu estava de rastos. Dormi mais umas horas e aproveitei o resto da tarde com uma amiga para mais uns passeios sem destino. De facto, as visitas turísticas não me agradam muito. Gosto da descoberta, gosto de perder-me e simplesmente vaguear. Por vezes, encontro-me em locais e situações, que nenhum conforto turístico poderiam permitir. "The voyage of discovery is not in seeking new landscapes but in having new eyes." Talvez seja essa a minha verdadeira atracção pelo desconhecido.

Os turcos não são muito distintos dos portugueses. Continuo a estranhar a forma como habitualmente me confundem com um originário daqui, mas no fundo corresponde a uma das minhas expectativas de passar despercebido e contemplar a realidade dos sítios por onde passo sem o olhar curioso das gentes daqui. Confesso que estranhei a forma calorosa como se cumprimentam os homens. Nos primeiros dias das primeiras amizades turcas, cumprimentar ou despedir me de um turco não foi facil. Com dois beijinhos na cara ou duas "turrinhas" na testa e um forte aperto de mão, fomentam-se amizades neste país.

Cada turco nasce com uma veia comercial. Já não estranho ser abordado por um miúdo de 8 anos, a tentar impingir um qualquer perfume, relógio, lenços de papel, canetas, pins, electrodomésticos, vestuário de alta costura cigana e afins... Tudo se vende, tudo se compra, e aqui não se brinca. De facto os modelos americanos de venda agressiva tem muito a aprender com a simplicidade e versatilidade destas gentes.

Only in english please. Na procura de sítios menos dispendiosos, mais turcos do que turísticos, só à base da linguagem gestual. É difícil encontrar um turco que nos entenda em inglês. E quando até falam alguma coisita, dizem algo parecido com "were are you from?" - Portugal! imediatamente respondem em português: Cristiano Ronaldo! Figo! Benfica! E outras curiosas palavras especialmente derivadas da universalidade do futebol. Os turcos deliram com a bola!

É difícil explicar sentimentos, e esta cidade desperta-os fervorosamente. Confesso que me estou a apaixonar por Istambul! 5 meses não são o suficiente, preciso de mais...
Bem, terei outras oportunidades para partilhar o que sinto nesta estranha e curiosa cidade mas por agora fico-me por aqui..
Allah'a ısmarladık (adeus) ;)

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