De Mariza a Pessoa passando por Cesária Évora

Se há algo de que os turcos se podem orgulhar é da seu consumo cultural. Talvez pelo facto de serem o berço de diversas culturas e ponto de passagem de muitas outras ao longo da sua história, ainda hoje isso se reflecte no seu consumo de cultura.
Nas breves incursões que fizemos por livrarias e lojas de musica (e são muitas as que aqui existem), não pudemos deixar de ficar surpreendidos com o numero de cd's e livros que toda a gente leva para casa. Estas lojas estão sempre cheias de gente, seja a ler ou simplesmente para comprar.
Olhando atentamente para as prateleiras fomo-nos deparando com vários títulos portugueses ou de países de expressão portuguesa. Na música, encontramos Mariza, Madredeus, Camané, Mísia, Cesária Évora, e muitos outros para além de várias compilações, quer de fado ou mesmo de pop/rock nacional. Numa livraria decidimos arriscar e pedir um livro de Fernando Pessoa e eis que nos apresentam o "Livro do Desassossego" traduzido em turco. Decidimos procurar mais alguns autores e encontramos Jorge Amado.
O tempo já escasseava e acabamos por vir embora mas ficamos com duas certezas, a cultura que produzimos no nosso pequeno cantinho é sem dúvida valiosa e outra é que os turcos são um povo que realmente se interessa por cultura seja ela turca ou oriunda dos mais diversos países.

História e Geografia da Turquia

A Turquia (Türkiye, em turco), cujo nome oficial é República da Turquia (Türkiye Cumhuriyeti), é um país eurasiático constituído por uma pequena parte europeia, a Trácia, e uma grande parte asiática, a Anatólia. Limita com oito países: Bulgária, Grécia, Geórgia, Arménia, Irão, Azerbaijão, Iraque e Síria. É banhada pelo Mar Negro, Egeu, Mar de Mármara e pelo Mediterrâneo. A capital deste imenso país é Ancara apesar da sua maior cidade ser Istambul.

Nos termos da constituição turca, a Turquia é uma República democrática, secular e constitucional cujo sistema político foi estabelecido em 1923, após o fim do Império Otomano. Esta mudança foi encabeçada por Kemal Ataturk, fundador da República e primeiro presidente desta. Apesar de criar uma democracia não deixava de ser um ditador, no entanto era bastante moderado. Ainda hoje é bem visível em toda a Turquia a sua presença através de imagens, estátuas ou usando o seu nome em edifícios. Actualmente decorrem negociações para a Turquia aderir à União Europeia.

A Turquia é o 36º maior país do mundo com cerca de 780,000 km². Neste imenso país vivem cerca de 80 milhões de pessoas, tornando-o o 15º país mais populoso do mundo com uma densidade populacional de 95,84 h/km². Para uma ideia mais próxima, a Turquia é 8,5 vezes maior que Portugal.

Istambul é a maior e mais importante cidade da Turquia. Num território com um tamanho próximo do distrito do Porto (1850km²), esta cidade comporta cerca de 15 milhões de habitantes. Imaginem todos os habitantes de Portugal a viver no distrito do Porto e imaginem a confusão que seria… é mais ou menos o que acontece aqui. Apesar de ter o título de cidade Istambul, no sistema português pode ser visto como um distrito onde temos 27 cidades que atravessamos sem nos apercebermos que o fazemos.

No mapa de Istambul que aqui mostramos podem ver essas cidades assinaladas a rosa em letras grandes. Toda a zona mais clara é Istambul.

A Turquia e seus Estados antecessores foram uma ponte entre as culturas ocidental e oriental e o centro de diversas grandes civilizações.

Viver a Turquia

Olá a todos,

Este blog esteve parado algumas semanas, tempo que achamos importante para conhecermos o dia-a-dia dos turcos de uma forma mais profunda.
Daqui em diante iremos falar desta maravilhosa cidade e de todo o país de uma forma mais correcta e, assim será possível que fiquem com uma ideia mais próxima do que é viver numa cidade cheia de contrastes mas apaixonante.

Seni Seviyorum Istambul

Primeiro post, e um relato à epiderme..

Para mim as aulas começaram hoje (pois, só hoje...) e tive a minha primeira aula de Civilization History, com uma professora americana. Fiquei surpreendido, fala fluentemente o turco mas por opção dá a aula em inglês, com pequenas excepções para os turcos mais lentos. :) Aborda todas as questões relacionadas com o médio oriente de uma perspectiva muito séria e clínica. Critica sem rodeios os Estados Unidos e questiona permanentemente a liberdade das mulheres na Turquia. Fala sem complexos de Ataturk, fundador e primeiro presidente da república turca. Isto num país em que levamos com o homem em tudo o que é lado. Qualquer local tem em comum a bandeira turca e várias molduras de Ataturk! Intrigante, mas aqui dizer mal de Ataturk dá pena de prisão.

Finalmente o sol apareceu. Durante a última semana tivemos um nevão intenso e um frio absurdo, espero que agora o sol venha mesmo para ficar. No último sábado a universidade levou os erasmus a uma das muitas visitas turísticas à cidade e não só. Infelizmente não fui, as últimas noites tinham sido duras e eu estava de rastos. Dormi mais umas horas e aproveitei o resto da tarde com uma amiga para mais uns passeios sem destino. De facto, as visitas turísticas não me agradam muito. Gosto da descoberta, gosto de perder-me e simplesmente vaguear. Por vezes, encontro-me em locais e situações, que nenhum conforto turístico poderiam permitir. "The voyage of discovery is not in seeking new landscapes but in having new eyes." Talvez seja essa a minha verdadeira atracção pelo desconhecido.

Os turcos não são muito distintos dos portugueses. Continuo a estranhar a forma como habitualmente me confundem com um originário daqui, mas no fundo corresponde a uma das minhas expectativas de passar despercebido e contemplar a realidade dos sítios por onde passo sem o olhar curioso das gentes daqui. Confesso que estranhei a forma calorosa como se cumprimentam os homens. Nos primeiros dias das primeiras amizades turcas, cumprimentar ou despedir me de um turco não foi facil. Com dois beijinhos na cara ou duas "turrinhas" na testa e um forte aperto de mão, fomentam-se amizades neste país.

Cada turco nasce com uma veia comercial. Já não estranho ser abordado por um miúdo de 8 anos, a tentar impingir um qualquer perfume, relógio, lenços de papel, canetas, pins, electrodomésticos, vestuário de alta costura cigana e afins... Tudo se vende, tudo se compra, e aqui não se brinca. De facto os modelos americanos de venda agressiva tem muito a aprender com a simplicidade e versatilidade destas gentes.

Only in english please. Na procura de sítios menos dispendiosos, mais turcos do que turísticos, só à base da linguagem gestual. É difícil encontrar um turco que nos entenda em inglês. E quando até falam alguma coisita, dizem algo parecido com "were are you from?" - Portugal! imediatamente respondem em português: Cristiano Ronaldo! Figo! Benfica! E outras curiosas palavras especialmente derivadas da universalidade do futebol. Os turcos deliram com a bola!

É difícil explicar sentimentos, e esta cidade desperta-os fervorosamente. Confesso que me estou a apaixonar por Istambul! 5 meses não são o suficiente, preciso de mais...
Bem, terei outras oportunidades para partilhar o que sinto nesta estranha e curiosa cidade mas por agora fico-me por aqui..
Allah'a ısmarladık (adeus) ;)

Neve paraliza Istambul

Mau tempo paralisa segunda maior cidade da Turquia causando 2 mortes, vários acidentes e encerrando escolas, universidades, aeroportos e outros serviços.

Um pouco por todo o país, mas especialmente em Istambul, as baixas temperaturas e a neve incessante vieram modificar o dia-a-dia dos turcos. 2 pessoas morreram, uma no Domingo outra na Segunda-feira, devido às baixas temperaturas que se faziam sentir. No Bosfurus o trânsito fluvial esteve mesmo interrompido no sentido norte-sul desde o final da manhã de Domingo segundo fontes policiais.
"Como na Sibéria", era a manchete do jornal nacional Tavkim, mostrando fotografias de pessoas enregeladas nas ruas de Istambul e de um avião na pista do Aeroporto sem condições para levantar voo.
O mau tempo causou ainda cerca de 550 acidentes rodoviários e vários motoristas tiveram de ser socorridos pelas autoridades depois de ficarem presos na estrada devido ás más condições em que estas se encontravam.
Rara foi a aparição da neve na manhã de Segunda-feira na ilha de Creta, e a este da zona montanhosa da Turquia onde geralmente os meses de inverno não são muito frios.

Galata Kulesi, Christea Turris ou Megalos Pyrgos

Torre Galata em português, é um dos pontos mais altos de Istambul, fica situada na zona denominada Galata no norte do Corno de Ouro. Do seu ponto mais alto, a 66.90 metros, pode ter-se uma perspectiva belíssima da cidade.
A sua construção data de 1348. Originalmente com a designação de Christea Turris (Torre de Cristo), era a torre que fechava a muralha da cidadela genovesa de Galata. Servia como ponto de vigia em tempos de batalha.
Em 1638, Hezarfen Ahmet Çelebi tornou-se o primeiro Homem a voar utilizando umas asas artificiais e do cimo desta torre iniciou um voo até ao lado asiático de Istambul, sobrevoando sobre o Bosforus. Pela sua faceta, o sultão Murad IV ofereceu uma bolsa de ouro ao herói. No entanto, já no império Otomano Çelebi foi extraditado para a Algéria onde acabou por morrer porque o seu feito era considerado anti-religioso.
Nos anos 60 o seu interior foi remodelado e a madeira foi substituída por cimento. Actualmente existe também um restaurante no topo da torre.
O preço a pagar para uma visita ao cimo da torre é de 1o liras turcas, cerca de 7€.

Neve em Istambul

Hoje o dia prometia ser cansativo, estava programada uma viagem de estudo para os alunos de erasmus durante a qual iriamos conhecer vários locais de interesse mas um subito nevão pela manhã veio alterar os planos, o passeio foi cancelado e ficamos sem planos para o dia. Como entretanto a Emine e a Busrah vieram ter cá a casa não voltamos para a cama, acabamos por ficar todos na conversa.
Depois de almoço eu, o Tiago e a Emine não tínhamos vontade de ficar por casa na moleza e decidimos ir conhecer Tunel, uma zona que habitualmente não e muito frequentada por turistas. É certo que sofremos um pouco com o frio mas no fim acabou por compensar. Já em Istiklal caddesi fomos à Igreja de Santo António, a única igreja católica em Istambul (segundo informações obtidas), só deu para tirar fotos no exterior mas posso dizer que mesmo lá dentro a igreja é muito bonita. Depois fizemos uma breve paragem no Starbucks para tomarmos um café e continuamos o nosso passeio.
Algumas ruas depois fomos até à Galata Tower (da qual falarei no post seguinte) e depois voltamos às ruas apertadas de Tunel. Acabamos por descobrir uma loja de instrumentos musicais e entramos porque eu o Tiago queremos comprar uma darbuka. Lá dentro fomos confrontamos com dois homens bastante simpáticos e depois de dizermos que somos portugueses um deles contou-nos que o filho tinha estado em Erasmus na Universidade do Minho. Vimos alguns instrumentos e até tivemos direito a uma mini aula de darbuka.
Para terminar o passeio fomos até uma espécie de miradouro para apreciar a vista sobre o Bosfurus com neve. No regresso para casa apenas paramos para comer umas castanhas assadas e um Kebab.

Agora vem a noite... vamos esperar e ver o que ela nos reserva.

Kabum!!!

Quinta-feira, 14 de Fevereiro 2008

Esta data vai ficar marcada na história desta nossa aventura. Depois de um dia passado na universidade e a tratar da permissão de residência
Residência a Busrah convidou-nos para irmos beber um copo depois de jantar.
Assim foi, depois de jantar lá fomos até à Istiklal caddesi. Entretanto combinamos com a Burcin ir com ela e uns amigos a uma disco e ficamos de nos encontrar à meia-noite.
Tudo normal até aqui, à meia-noite saímos do bar Ritim para irmos ao encontro da Burcin como combinado. Na rua havia algum reboliço, a polícia estava lá em numero superior ao normal e havia umas fitas vermelhas que impediam a passagem. Indagamos o que seria mas ninguém respondeu e toda a gente na rua seguia normalmente o seu rumo. Fizemos o mesmo mas meia dúzia de passos depois, uma explosão!!! Demos um verdadeiro salto em conjunto e paramos imediatamente a olhar para tentar perceber o que se passava mas toda a gente à nossa volta continuava como se nada fosse. Voltamos a perguntar o que se passava e a única resposta que obtivemos foi, "nada de especial, estava ali um pacote no chão, como a polícia não tinha a certeza se era ou não explosivo, resolveram fazer uma explosão controlada."
De ressalvar que neste dia (dia dos namorados) os turcos saem à rua em peso. A Istiklal caddesi já é bastante movimentada mas naquela noite parecia Sábado à noite tal era a quantidade de pessoas.
Terá sido uma tentativa de atentado ou apenas excesso de zelo da polícia? A verdade nunca a saberemos mas que apanhamos um susto, isso ninguém pode dizer que não.

Primeiro dia na Universidade

Não podemos dizer que havia aqueles nervos que um miudo tem quando vai para o seu 1º dia de aulas na escola primária mas a curiosidade era muita. Como seríamos recebidos? Como nos irão olhar? Eram algumas perguntas que nos passavam pela cabeça.
Eram já 11:30 quando finalmente chegamos à entrada da Universidade, íamos encontrar a Emine e a Busrah que nos iriam levar para a sala onde ia decorrer a reunião dos alunos de Erasmus com o grupo de ESN.
Este "orientation day" não era mais do que uma reunião com alunos da Universidade e a Coordenadora de Erasmus para nos apresentarem um pouco da história de Istambul, alguns locais a visitar e para nos falarem da planificação de algumas viagens de estudo e festas que estão já a ser preparadas para os alunos em Erasmus. Era também o dia para preencher alguns papeis para tudo ficar em ordem e estarmos realmente efectivos aqui.
Tudo correu como previsto, no final, depois de uma passagem pelo gabinete de Erasmus fomos também reunir com o nosso coordenado de curso para nos apresentarmos e falarmos no plano de estudos, uma pessoa impecável que olha para os alunos de Erasmus como uma mais valia para a Universidade e os restantes alunos.
No final deste "corre-corre" que nos obrigou a conhecer toda a Universidade ainda tivemos tempo para uma fugida a um shoping porque as meninas queriam fazer umas compras.
Para acabar o dia fomos para casa para jantar com a companhia da Busrah, a nossa primeira convidada a entrar em casa.
Quanto às aulas, para alunos de erasmus só começam na próxima semana.

Finalmente... café

Esta experiência tem sido deslumbrante e enriquecedora para nós, contudo sente-se sempre falta de algumas coisas bem portuguesas.
Uma dessas coisas é o nosso café.
A falta de cafeína tem-nos dado dores de cabeça quase diárias e parecemos tolinhos a dormir em todos os cantos, qual picadela da mosca tsé-tsé.
O café turco é um café bastante estranho que, apesar de ser forte não chega sequer aos calcanhares do mais fraco dos nossos cafés, ainda por cima é servido com bastante borra, tanta que ficamos com a língua áspera. (Como se pode ver na foto, toda aquela espuma não é mais que borra, demasiado mau para conseguirmos beber).
Hoje, ao passearmos pela Istiklal (avenida pedonal mais importante em Istambul), decidimos entrar no Starbucks e finalmente, café, bem forte como nós apreciamos. Aquele cheiro, aquele gostinho a correr garganta abaixo... que saudades nós tínhamos disto.
Agora sim, já nos sentimos um pouco melhor, já temos um gosto familiar na boca.

Grande noite

A noite perspectivava-se longa e animada. Para começar tínhamos o jantar de aniversário da Burcin, a nossa colega turca que este em Erasmus na UTAD no ano passado. Encontramos-nos todos à porta do restaurante por volta das 8 da noite e lá subimos para jantar. Logo a começar pelas entradas prometia, um prato recheado de coisas deliciosas às quais apenas a Diana resistiu porque não gosta muito de vegetais.
Enquanto jantávamos, um grupo de músicos animava a festa, e que festa. Aqui, quando a musica toca, não interessa o que se está a fazer, toda a gente se levanta para bater palmas e dançar. Nós fomos na onda e as meninas lá deram um pezinho de dança enquanto eu o Tiago acabávamos de comer um fantástico peixe acompanhado de Raki, a bebida "oficial" da Turquia.
No fim do jantar e depois da dança saímos de restaurante e fomos para o Ritmi, um bar onde estava a decorrer uma festa para alunos de Erasmus. Foi aqui que, para nosso espanto encontramos mais uma tuga de Erasmus em Istambul, a Marisa. Foi engraçado porque não estávamos à espera. Também lá estavam franceses, polacos, gregos, islandeses, alemães, sul-coreanos e muitas outras nacionalidades.
Com o bar a fechar decidimos rumar ao nosso segundo destino, o bar Joker para continuar a noite que só acabou numa disco já perto das 6 da manhã, hora em que fomos comer um Kebab antes de apanharmos um táxi para casa na companhia da Emine e do Murat que dormiram cá em casa connosco.
Esta foi uma primeira noite e ficou a promessa de muitas outras, se não melhores, pelo menos iguais.

Uma noite na Ásia

Quando estávamos a pensar sentir a dureza do cimento turco por uma noite recebemos o convite da Emine para irmos para casa dela, aceitamos de bom grado e ficamos bastante curiosos, uma noite numa casa turca, com uma família turca e, no lado asiático de Istambul, o que mais poderíamos pedir?
Depois de um dia cansativo à procura de casa fomos a um bar conhecer uns amigos da Emine antes de atravessarmos o Bosforus de barco. Após uma curta viagem (15 minutos), ali estávamos nós, na Ásia. Apanhamos um autocarro e em alguns instantes chegamos a casa dela, estranho sentimento, entrar numa casa onde apenas se fala turco e onde as pessoas nos olham de forma curiosa. À porta ficaram os sapatos, outra tradição turca, já lá dentro fomos convidados a sentar no sofá enquanto o jantar ficava pronto. Quando chegamos à mesa tínhamos uma sopa fantástica à nossa espera, em seguida vieram uns feijões picantes e esparguete com... iogurte, sim, aqui a maioria dos pratos são acompanhados com iogurte natural, é estranho mas a verdade é que a combinação resulta bem. Como diz o nosso ditado, "primeiro estranha-se, depois entranha-se".
Para terminar a refeição um doce tipicamente turco feito à base de frutos secos e bastante açúcar e o sempre presente chá. No final de tudo isto ficamos à conversa na mesa degustando os chás.
No final de tudo isto fomos para a cama, o dia tinha sido esgotante e era essencial uma boa noite de sono, contudo ainda ficamos um bom bocado na conversa, apenas os 4, eu, a Diana, o Tiago e a Gosia.
Acordamos no dia seguinte por volta das 10 horas e depois de um duche rápido fomos de novo para a cozinha tomar o pequeno-almoço. Não faltava nada naquela mesa, chá, compotas, pão, iogurte, ovos cozidos e umas inesperadas azeitonas, sim, outra coisa estranha, azeitonas ao pequeno-almoço. Após deste manjar ainda estivemos um pouco na conversa e partimos de novo para a Europa em busca de casa.
Esta foi a nossa primeira experiência na Ásia, foi um pouco estranho mas engraçado ao mesmo tempo, certamente voltaremos a pisar solo asiático até porque queremos conhecer bem a Turquia e a parte europeia é apenas um cantinho deste imenso país.

Uma breve experiência de sem-abrigo

A procura de casa em Istambul não é fácil, em todas as casas que procuramos (e foram muitas), colocavam sempre um entrave, ou era o facto de sermos 4, ou por sermos rapazes e raparigas, por ser um aluguer de curta duração... surgia sempre um problema.
No domingo tivemos que deixar as residências, estavam para chegar novos alunos de Erasmus e o proprietário precisava da casa vaga, por isso a nossa condição passou a ser de sem-abrigo.
Felizmente tivemos sempre connosco a nossa "mãe", a Emine, uma aluna da nossa Universidade de que faz parte do gabinete de Erasmus e que nos levou para jantar e dormir em casa dela.
No dia seguinte as coisas não começaram da melhor forma, estávamos a espera de uma resposta de uma casa que tínhamos ido ver mas mais uma vez a resposta foi negativa. As coisas não se perspectivavam da melhor forma mas finalmente lá encontramos uma casa. O preço não era o mais baixo mas tinha uma grande vantagem, era bastante próxima da universidade o que é muito bom pois não teríamos de usar transportes e poderíamos almoçar em casa todos os dias. O suspense era muito porque o proprietário não se encontrava em Istambul e não sabíamos se podíamos ficar com a casa, depois da Emine falar com ele por telefone veio a resposta... A casa é nossa... que alívio, já tínhamos o nosso cantinho e isso era essencial para realmente nos sentirmos em Istambul.
Daqui para a frente tudo vai ser diferente.

De volta

Ao fim de alguns dias estamos de volta ao mundo virtual, é certo que a ligação que usamos não é nossa mas de um vizinho qualquer que não usa password na sua. No entanto o importante mesmo é voltarmos aqui para vos falarmos desta nossa aventura.
Para já dizemos que já temos a nossa casa e uma nova companheira, é francesa e chama-se Fanny (espero estar a escrever de forma correcta).
Vou falar de tudo isto e do que passamos estes dias nos próximos posts.

Dia 2: Odisseia em Istambul

O nosso segundo dia prometia, íamos ver a casa onde iríamos viver. Ansiavamos por este momento porque viver nestas residência é... muito mau, não podemos fumar, beber e para estarmos juntos com a Diana e a Gosha, temos de ter um segurança a olhar para nós.
Ao sair de casa deparamos-nos com o proprietário das residências que prontamente nos ofereceu boleia até à universidade. A ideia de não gastar dinheiro e 1 hora no autocarro parecia perfeita, ainda por cima íamos num BMW 730... :) A ideia não pareceu tão boa quando demoramos cerca de 15 minutos a fazer a viagem ao som de Yves Larock numa condução tipo Need for speed underground... alucinante.
Já na Universidade encontramo-nos com a nossa tutora, Busrah e uma responsável pelo pessoal de Erasmus, Emine. Fomos com elas dar uma volta para visitarmos uma mesquita, um espaço de culto lindo de morrer, obviamente tivemos que nos descalçar e as meninas tiveram de colocar um lenço a cobrir o cabelo. Depois desta visita fomos a uma esplanada junto ao Bosforus beber um chá quente, a bebida oficial da Turquia.
Finalmente fomos ver a casa, era espaçosa e quente mas o proprietário subitamente aumentou o preço e ficou difícil para nós alugar aquela casa, começamos logo a procurar outras soluções mas como já estava na hora de jantar fomos comer um Kebab e depois ficamos a passear em Taksim
até chegar a hora de apanharmos o autocarro de volta para as residências.
Já em casa ficamos até às 4 da manhã (2 em Portugal) a procurar casa juntamente com as turcas, amanhã vamos ver como correm as coisas e se conseguimos ir ver as casas para alugar uma.

Fotos: Busrah, Gosha, Diana, Eu e Tiago junto à mesquita; Diana, Emine e Gosha dentro da mesquita com lenço na cabeça.

Merhaba Istambul

O encontro com a Diana estava marcado para as 10 da manhã mas a verdade é que o cansaço era tanto que só acordamos à 1 da tarde.
Quando chegamos à residência da Diana ela ainda dormia e foi a companheira dela de quarto, Gosha, que a foi chamar.
A Gosha é uma rapariga polaca que chegou cá uns dias antes de nós mas vai viver connosco, ela veio sozinha para cá e agora é nossa companheira inseparável.
Bem, depois das meninas se arranjarem lá partimos para o autocarro que nos levou até à universidade, 1 hora de caminho com o motorista sempre a dar gás. Aqui não existem limites de velocidade, cintos de segurança ou faixas de rodagem... É o caos completo. Quando chegamos à universidade estávamos esfomeados mas não sabíamos bem o que fazer, felizmente a Burcin já estava à nossa espera e logo nos apresentou as amigas com quem estava e levou-nos para a cantina.
A refeição correu bem até porque a comida aqui não é assim tão estranha, por exemplo, eu e o Tiago comemos frango de caril, a maior diferença é que aqui a comida é um pouco mais picante.
Depois da refeição fomos passear pela cidade, fomos até Taksim, a zona mais movimentada de Istambul, apenas pessoas e carros circulam ali (em futuros posts falarei das zonas mais em concreto).
Para terminar o passeio fomos a um bar de 4 pisos, subimos até ao último onde ficamos a conversar e a beber uma cerveja Turca, que por sinal é muito boa (não tanto como a nossa mas boa).
Às 10 da noite tivemos que apanhar o último autocarro disponível para as residências onde ficamos na conversa até ás 3 da manhã, hora de regressar a cama.
Amanhã à mais.

Fotos: Diana e Gosha; Gosha, Tiago, Diana, Eu e Bus no bar.

O Início da aventura

Eram 8 da manhã e estavamos todos reunidos no aeroporto de Lisboa prontos para partir, as malas já estavam prontas e... pesadas.
Depois de despacharmos a bagagem ainda tivemos tempo para um último café (não podíamos imaginar as saudades que já sentimos daquele gostinho).
A entrada para o zona de check-in estava iminente e a despedida foi complicada mas lá fomos nós, 1º destinho, Paris - Charles de Goule.
2 horas depois lá estavamos nós em França. Estavamos já na hora de almoço e nada melhor que o mundialmente conhecido Mac Donald's, logo aqui percebemos a "simpatia" dos franceses, algo que confirmamos minutos mais tarde quando quisemos encontrar o Terminal 3 onde íamos embarcar para Istambul. No final de muitas voltas lá demos com o terminal e ficamos ali a espera da hora do voo.
Já no voo o ambiente era estranho, muitos turcos e nós sem perceber uma única palavra, para piorar a situação, duas crianças a falar connosco e nós apenas sorriamos pois não entendíamos nada...
Meia-noite, chegada a Istambul, finalmente. 2 turcos à nossa espera (a Diana reparou logo num deles, mesmo antes de sabermos que era ele que nos vinha buscar, vá-se lá saber porquê... ).
Entramos numa carrinha que nos transportou até ás residências onde ficamos a dormir, a Diana ficou numa casa e nós noutra a alguns metros de distância. O ambiente nestas residências é estranho, temos um segurança que observa tudo o que fazemos, não podemos beber, fumas nem entrar no quarto da Diana nem ela no nosso... Não estamos habituados a isto.
Bem, nos próximos posts tentarei explicar melhor o ambiente aqui mas não por muito tempo porque vamos alugar a nossa casa.
Esta foi a nossa viagem e chegada a Istambul, o dia 1 nesta cidade virá no próximo post.

Intro

O programa Erasmus proporciona a qualquer estudante europeu deslocar-se para outro país a fim de prosseguir os seus estudos.
Quando decidi fazer a minha licenciatura em Ciências da Comunicação na UTAD estava longe de imaginar que iria entrar nesta experiência.
Comecei a encarar esta realidade juntamente com o Tiago no dia que assistimos a uma palestra sobre o programa e desde logo decidimos ir para a Turquia.
Muitos foram aqueles que nos tentaram demover, não de fazer Erasmus mas sim pelo país, no entanto nós tínhamos a certeza que era isto que queríamos.
A Diana acabou por se juntar a nós mais tarde e também ela não teve problemas em aceitar o país que tínhamos escolhido.
Foi assim que o grupo ficou reunido, Eu (Carlos), Tiago e Diana.
Meses depois, algumas chatices e muitos papeis foi isto que tivemos que ultrapassar para chegarmos ao ponto em que estamos.
Faltam 15 dias para ir embora e agora os dilemas são outros, ou melhor, é outro. Como fazer para levar apenas 20 kg de roupa para 6 meses???
Colocando de parte este pormenor, restam as nossas expectativas. Como será viver numa cidade com mais habitantes que Portugal inteiro? Como lidar com as diferenças linguísticas, culturais e até mesmo religiosas? São estas questões que espero vir a responder ao longo do tempo que estiver na Turquia e com os meus posts neste blog.
Assim sendo, este blog vai funcionar como o nosso "diário de bordo", aqui vamos desabafar as desilusões (espero que poucas) e partilhar as alegrias com todos que nos queiram ler.
Quem quiser vai poder também deixar comentários ao que vamos escrevendo e ao que vamos mostrando através de vídeos e fotos.

Beijos e Abraços para todos.